Internet pela rede elétrica: o que falta para essa ideia decolar?


Durante a Futurecom 2015, a HomePlug demonstrou uma série de produtos que permitem usar a rede elétrica da sua casa para expandir a sua rede de internet. A ideia é simples: você conecta um adaptador HomePlug a uma tomada perto do seu roteador, liga seu roteador a ela via cabo de rede e pronto, sua rede elétrica passa a transmitir dados. Com outro adaptador, você pode levar internet à casa toda.

Para Nelson Ito, Gerente de Negócios com Provedores da TP-Link, o Brasil é um mercado promissor para a tecnologia. Um dos motivos, surpreendentemente, é a construção civil do país. A maioria das casas e prédios brasileiros são feitos com alvenaria ou cimento, materiais densos que dificultam a transmissão de sinal WiFi entre cômodos. Na Europa, o maior mercado da HomePlug, as casas são assim também.

No entanto, por mais promissora que a tecnologia seja, ela ainda enfrenta alguns desafios para chegar ao nosso mercado. Veja, a seguir, o que ainda falta para que a tecnologia de internet pela rede elétrica decole no país.

Custo

Infelizmente, o preço ainda é um desafio no país. Segundo Ito, o preço dos adaptadores HomePlug flutuam conforme o dólar, que tem atingido valores surpreendentemente altos nos últimos meses. E, se ele continuar a subir, o preço dos produtos podem subir junto. A solução já é mais cara do que o uso de repetidores WiFi e, por mais que seja mais confiável, um aumento no preço poderia dificultar ainda mais a sua inserção.

Tomadas

Surpreendentemente, as tomadas brasileiras também podem ser um empecilho para a penetração dos adaptadores HomePlug no mercado brasileiro. De acordo com Ito, os dispositivos da TP-Link precisam ser adaptados para as tomadas e para a rede elétrica multi-fases brasileira, o que acaba gerando custo também. Esse processo também leva tempo, o que pode atrasar a chegada da tecnologia aqui.

Infraestrutura

O HomePlug é uma tecnologia de rede voltada para a otimização da rede do usuário final. Mas se a rede já não chega ao usuário com força suficiente, os adaptadores de rede elétrica não serão vistos como um investimento justificável. Se os provedores ainda sofrem para cumprir as metas de qualidade de conectividade estabelecidas pela Anatel, os adaptadores podem não fazer muito sentido. Extensores de rede que oferecem de 200Mbps a 1Gbps de largura de banda simplesmente não fazem sentido se os usuários têm planos de 20Mbps, e recebem apenas cerca de 10Mbps, por exemplo,

Variedade

Por ser uma tecnologia relativamente nova, ainda existem poucos adaptadores HomePlug certificados no mercado brasileiro. A TP-Link, segundo Ito, tem dois adaptadores no mercado, e a D-Link também tem um. Por ora, no entanto, esse número ainda é muito menor do que o número de roteadores e repetidores WiFi disponíveis no mercado. Além de tornar menos acessíveis essas tecnologias, essa escassez

Ruído

Segundo John Gloekler, Diretor de Comunicações da Broadcom, as casas brasileiras são um pouco semelhantes às casas indianas, no sentido de que todos os dispositivos eletrônicos costumam ficar na mesma região do domicílio. Para os adaptadores HomePlug, isso é um desafio: distância e fases de energia não afetam a performance dos adaptadores, mas interferência eletrônica afeta, e muito. Ter todos os dispositivos eletrônicos em uma mesma região faz com que haja muita interferência, o que prejudica a performance dos adaptadores e pode tornar preferível o uso de repetidores WiFi.

“Puxadinhos”

Os adaptadores HomePlug distribuem o sinal de internet pela rede elétrica das casas, e dependem de que haja uma conexão física entre as tomadas para levar a internet até lá. Isso significa que os famosos “puxadinhos”, que têm uma rede elétrica separada, não poderão se conectar à rede. Para casas e construções com redes elétricas fragmentadas ou separadas, esse tipo de tecnologia não é uma opção muito atraente. Segundo Gloekler, o WiFi é continua sendo uma solução melhor nesses casos.

Adaptação

A ideia de que internet pode ser distribuída pela rede elétrica ainda é bastante nova e, cá entre nós, meio estranha. Em um condomínio com muitos apartamentos, como saber se a minha internet, distribuída pela rede elétrica, não está vazando para o apartamento vizinho? Se os dados trafegam pela rede elétrica, eles estão realmente seguros? Essas questões ainda não estão tão claras, e possivelmente ainda levará algum tempo até que a ideia de que a mesma tomada possa transmitir dados e energia se torne “comum” para nós.

Fonte: Olhar Digital

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